24 de abril de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Reconhecido internacionalmente por sua atuação em cirurgia cardíaca, o especialista também fez história na gestão desta sociedade

 

Usando uma frase popular, pode-se dizer que a SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo iniciou suas atividades “com o pé direito”. Isso porque, em 1977, a então recém-nascida entidade teve como primeiro presidente um dos ícones internacionais da cirurgia cardíaca, o acreano Adib Jatene. Jatene, assim como seus colegas do grupo de fundadores, acreditava na necessidade de contribuir para a atualização dos cardiologistas paulistas, difundindo conhecimento científico tanto para os profissionais da saúde como para a população em geral. 

Foi em uma sede improvisada – e partilhada com a revista Arquivos Brasileiros de Cardiologia, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) –, na rua Itapeva, na região central da cidade, que a diretoria do presidente Jatene fez as reuniões iniciais para definir a estrutura da nova associação. E também foi ali que surgiu a ideia de implementar o primeiro evento oficial da SOCESP: a Jornada Paulista de Cardiologia, que aconteceu em 1978, em Campinas, com a participação de 237 médicos de várias cidades do estado. 

A jornada pode ser considerada o “embrião” do Congresso da SOCESP, evento que em 2022 chega a sua 42ª versão. Isso porque, já em sua segunda edição, em 1980, a jornada passou ao status de “congresso” e não por acaso: ao tentar buscar apoio financeiro para o evento junto à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, em 1979, Jatene foi informado que o apoio daquele órgão era reservado apenas aos eventos científicos classificados como congressos. A diferença entre os dois tipos de evento, no entanto, é apenas estrutural: nos congressos vários conferencistas discutem um mesmo tema abrangendo diferentes aspectos, além de propor debates abertos que, posteriormente, terão as conclusões registradas em documento oficial. Por outro lado, as jornadas têm a característica de serem mais concentradas e restritas a um grupo acadêmico específico. Mas, para ter direito ao recurso, Jatene conduziu os ajustes necessários que deram início aos respeitados “congressos da SOCESP”.

Mesmo após deixar seu mandato, Jatene nunca se desvinculou da entidade ou da luta em prol da cardiologia no país. “O objetivo da SOCESP foi sempre desenvolver a cardiologia, e não engrandecer pessoas. Todos que passaram por sua diretoria ou presidência continuam trabalhando pela entidade. Isso só fortalece a Sociedade”, declarou o primeiro presidente em ocasião oportuna.

Atualmente, sua filha, a cardiologista Ieda Jatene, é presidente da SOCEP (2022/2024).


Trajetória

Filho de imigrantes libaneses, Adib Jatene era natural de Xapuri, no Acre. Aos 23 anos graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e fez toda sua formação no próprio Hospital das Clínicas.

Tornou-se referência internacional em sua especialidade com feitos como a introdução no Brasil da revascularização cirúrgica com ponte de safena para tratar obstruções na artéria coronária, técnica desenvolvida pelo médico argentino Renné Favaloro e a criação da técnica para corrigir a Transposição das Grandes Artérias, conhecida mundialmente como Operação de Jatene, realizada nos primeiros dias de vida. Jatene ainda foi diretor geral do HCor desde sua fundação e acumulava em seu currículo mais de 20 mil procedimentos cardiológicos, além de assinar a criação de aparelhos e equipamentos médicos. 

Reconhecido tanto por sua atuação médico-científico como por sua capacidade de articulação política, participou de vários governos, mesmo nunca se filiando a partidos: atuou como secretário estadual da Saúde de São Paulo (1979-1982), e duas vezes como ministro da Saúde (1992, por oito meses) e (1995-1996), quando estabeleceu o compromisso de combater a corrupção no âmbito da saúde pública e defendeu o aumento dos aportes no setor. Também se destacou como um dos principais articuladores da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), tributo destinado, naquele primeiro momento, aos investimentos em saúde pública. 


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