16 de fevereiro de 2025 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Odontologia em Cuidados Paliativos

Segundo a OMS os cuidados paliativos são definidos como uma abordagem de cuidados direcionada a pessoas que enfrentam diagnósticos de doenças graves e incuráveis com o objetivo principal de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida não apenas desses pacientes, mas também de seus cuidadores e familiares, em todos os aspectos importantes da vida humana: físicos, psicológicos, sociais e espirituais.


Quando falamos de pessoas em processos de adoecimentos graves (como na doença oncológicas, nas falências orgânicas, nas doenças neurodegenerativas e na síndrome de fragilidade), também falamos diretamente de pessoas que estão vivenciando processos de perda de funcionalidade das mais variadas formas e com diferentes graus de complexidade. Essa perda de funcionalidade, seja decorrente da doença em si ou ligada aos efeitos adversos dos tratamentos e medicações utilizadas para o manejo da doença, acarretam uma série de sinais e sintomas desconfortáveis, impactando negativamente a qualidade de vida das pessoas.

A odontologia, no contexto dos cuidados paliativos, refere-se ao alívio de sinais e sintomas orofaciais nos pacientes com doenças ativas, progressivas e avançadas, quando existe o comprometimento da cavidade oral pela doença e/ou pelo seu tratamento, direta ou indiretamente. Assim, o foco principal do cuidado é voltado à promoção da saúde bucal e melhor qualidade de vida dos pacientes acometidos.

O plano de cuidados bucais do paciente paliativado deverá ser baseado no momento da história natural da doença, funcionalidade, presença de comorbidades e queixas orofaciais. O tratamento odontológico individualizado e baseado em cuidados preventivos, curativos e paliativos depende da condição clínica atual, fase da evolução natural da doença, e deve ser realizado sempre em momento oportuno, a fim de evitar desconforto desnecessário. À medida que o paciente evolui para a fase final de vida, as metas precisam ser reavaliadas e cuidados readequados. Os sintomas tendem a surgir ou aumentar com a progressão da doença, portanto é de suma importância a avaliação contínua da cavidade oral frequentemente pelo profissional da odontologia.


Dentre os principais sinais e sintomas bucais desconfortáveis que podem acometer pacientes acompanhados em cuidados paliativos, sobretudo naqueles em fim de vida, é possível citar a xerostomia e/ou hipossalivação, sialorréia e/ou babação, dor, aumento da incidência e gravidade de infecções oportunistas (por vírus, bactérias ou fungos), maior incidência de doença periodontal, halitose, fragilidade de mucosas e formação de lesões de mucosas (mucosites e estomatites), traumatismos bucais e automutilação, sangramentos, maior índice de desadaptações protéticas e alterações de paladar. 


Na medida em que as doenças progridem e os dias para a morte propriamente dita tornam-se ainda mais curtos, essas alterações bucais tendem a se agravar, gerando a necessidade de reprogramar a intensidade e proporcionalidade dos cuidados odontológicos ofertados aos pacientes.

Sendo assim, o cirurgião-dentista deve fazer parte da equipe interdisciplinar desde o momento da definição do plano de cuidados trazendo conforto, dignidade e minimizando o sofrimento.  


Raquel D' Aquino Garcia Caminha

Alexandre Annibale


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