16 de fevereiro de 2025 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Por médicos cada vez mais qualificados

Por médicos cada vez mais qualificados


No Dia do Médico (18 de outubro) vale a reflexão: quantidade versus qualidade. Devemos nos preocupar não apenas com a oferta de médicos ao mercado, mas, principalmente, com a qualificação da categoria. 


*Maria Cristina Izar


De acordo com a Demografia Médica do Conselho Federal de Medicina (CFM)**, em 2024, o Brasil atingiu o número recorde de 575.930 médicos ativos. Trata-se de um crescimento de 339% em relação ao início da década de 1990, quando o país tinha 131.278 profissionais desta área. Caso a tendência se confirme, em 2035 teremos mais de 1 milhão de médicos.


Atualmente,  a proporção é de 2,81 médicos por mil habitantes, o que está além da referência do Governo Federal (2,7 médicos por 1 mil)***, que se baseia nos parâmetros do Reino Unido. Apesar de a informação parecer promissora, existem muitas nuances que devem ser consideradas: em primeiro lugar, a quantidade de médicos não atende igualitariamente o território nacional. Enquanto 52,4% estão nas 27 capitais, 47,6% se dividem em cinco mil cidades do interior. A não equalização também é regional: o Sudeste conta com 3,76 médicos por mil habitantes, o Sul com 3,27, o Nordeste com 2,22 e o Norte com 1,73. 


Da mesma forma, se observam outras variações por cidades que denotam desequilíbrio: em Vitória (Espírito Santo) se registra a maior densidade, com 18,68 médicos para cada 1 mil habitantes. Já no interior do Amazonas temos a menor atuação, com 0,2 médicos a cada 1 mil pessoas. Em termos quantitativos, São Paulo comporta a maior população médica do Brasil: 166.415 ou 3,7 médicos por 1 mil habitantes. Porém, fica atrás do Distrito Federal (6,4) e do Rio de Janeiro (4,3) na proporcionalidade.


Mas há uma questão ainda mais preocupante: a qualificação profissional. Os médicos que saem dos centros formadores que proliferaram nos últimos anos estão realmente preparados para prestar um serviço responsável? Em uma “nota aos brasileiros”, divulgada em outubro do ano passado, o próprio CFM expõe seu repúdio frente ao crescente número de faculdades e questiona a qualidade do ensino: “(...) o Conselho Federal de Medicina (CFM) alerta a sociedade brasileira para o risco da abertura indiscriminada de escolas médicas, patrocinada pelo Governo Federal, comprometendo a qualidade, eficácia e segurança da assistência em saúde no País. Essa decisão, repudiada veementemente pelo CFM, expõe o paciente e seus familiares ao risco de atendimento por profissionais que não receberam formação adequada. Sem acesso à infraestrutura mínima, o candidato a médico fica privado de ferramentas para sua capacitação. Infelizmente, esse cenário apresentará uma alta fatura a ser paga pelo País com a saúde e a vida de seus cidadãos.(...)”****  


SOCESP e os novos cardiologistas

A cardiologia é uma das especialidades que ganhou mais adeptos entre 2012 e 2022, com aumento de mais de 50% no período. Alergia e imunologia; gastroenterologia; hematologia e hemoterapia; neurocirurgia; medicina nuclear; nutrologia e pneumologia são outros exemplos deste ranking. Dados de 2023** mostram que o Brasil tem 20.324 cardiologistas ou 9,53 por 1 mil habitantes. Deste total, 13.570  são titulados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). 


A SOCESP - Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo faz coro à preocupação da categoria quanto à qualificação profissional e desenvolve programas para novatos e veteranos. A grade do congresso anual da SOCESP já conta, tradicionalmente, com aulas e palestras específicas para estudantes, residentes e recém-formados. Além disso, as ações de educação continuada são marcas-registradas da entidade.


A sociedade também se vale dos canais digitais para que o conhecimento alcance os cardiologistas de todas as localidades. Entrevistas, palestras e podcasts com especialistas ficam disponíveis na plataforma Web SOCESP (https://socesp.org.br/web-socesp/), garantindo o acesso às novas pesquisas, técnicas, práticas clínicas e cirúrgicas. O conteúdo contempla os assuntos mais comentados tanto da cardiologia mundial como da realidade brasileira. 


Neste dia do médico (18 de outubro), as comemorações devem contemplar este alerta, com associações de classe, agências do Governo e demais órgãos reguladores mantendo o controle para que os médicos formados não sejam chamados assim apenas por portarem um diploma. Mas por estarem prontos e seguros, com conhecimento teórico e prático e aptos a prestarem o melhor atendimento à saúde da população.


*Maria Cristina Izar é cardiologista, presidente da SOCESP (biênio 2024/2025) e professora adjunta livre docente da Disciplina de Cardiologia da Universidade Federal de São Paulo.



**https://demografia.cfm.org.br/dashboard/)


***https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pacto_nacional_saude_mais_medicos.pdf


**** https://portal.cfm.org.br/wp-content/uploads/2023/10/CFM-NOTA-ESCOLAS-MEDICAS-2023-FINAL-B.pdf


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