19 de abril de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NOS ENSAIOS CLÍNICOS

Esse é um tópico cada vez mais debatido. Não só a doença cardiovascular na mulher, mas a falta de representatividade das mulheres nos ensaios clínicos, o que faz com que extrapolemos os dados para toda a população. Nesse Estado da Arte sobre o tema, publicado no European Heart Journal, discute-se as possíveis razões para a menor inclusão de mulheres, transgêneros, crianças, idosos, pessoas com doenças e comorbidades complexas, afro-descendentes, indígenas, outras populações não-brancas, pessoas de países de média e baixa renda, e fora da América do Norte e Europa. São discutidas as barreiras, como os critérios de inclusão/exclusão, a falta de estrutura dos centros de pesquisas, a histórica marginalização dos chamados "BIPOC" (black, indigenous, and people of color). Para as mulheres, existe o risco de gestação envolvendo um novo medicamento ou device, nas camadas sociais mais baixas existe dificuldade de entendimento do termo de consentimento, o tempo e o custo da participação em estudos de longo prazo, com períodos em que o participante tem que estar à disposição e deixar de ir ao trabalho, sob risco de prejuízo pessoal. O gênero e a região geográfica dos líderes guarda relação com a composição dos participantes do estudo. Em duas décadas, observou-se que em estudos onde o líder é masculino, mulheres são sub-representadas! Porém, quando existe pelo menos uma mulher líder, a proporção de BIPOC women (mulheres prêtas, indígenas, ou pessoas com pele colorida do sexo feminino) dobrou, comparada à participação dessa categoria quando o líder era homem. Da mesma forma, quando os líderes eram de locais fora da América do Norte e Europa, houve 10 x mais chance de inclusão de participantes de regiões fora da Europa e América do Norte, possivelmente por maior facilidade.

O artigo propõe estratégias para aumentar a representatividade em três níveis: a nível dos estudos, a nível institucional e global e sugere métricas para alcance desses objetivos.





Dra. Maria Cristina de Oliveira Izar
Médica Cardiologista 
01ª secretária da SOCESP / Biênio 2022-2023

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