02 de maio de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Nota de Falecimento

A SOCESP comunica com pesar, neste 22 de março, o falecimento do professor Domingo Marcolino Braile, em São José do Rio Preto.

O professor Braile, considerado um dos pioneiros da cirurgia cardíaca no interior de São Paulo, tinha 81 anos e era fundador da Braile Biomédica e do Instituto Domingo Braile. Ele deixa esposa, Maria Cecilia Braga Braile, as filhas Patricia Braile Verdi e Valéria Braile Sternieri, os genros Luis Antônio Verdi e Walter Sternieri Jr., e os netos Rafael, Sofia, Giovanni e Luiza.

Filho do também médico, Lino Braile e Maria Neviani Braile, o professor nasceu em Nova Aliança/SP. Em 1957, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Anos mais tarde, integrou a equipe de oficina experimental do Serviço de Cirurgia Cardíaca do professor Euryclides de Jesus Zerbini, com quem trabalhou por anos.

Ao retornar a São José do Rio Preto, fez Residência Médica no Serviço de Cirurgia Geral na Casa de Saúde Santa Helena, onde, em 1963, fez a primeira operação cardíaca com circulação extracorpórea do interior do Brasil. Atuou na Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Preto, criou e chefiou o Serviço de Cirurgia Cardíaca. Liderou o grupo que idealizou e implantou o Instituto de Moléstias Cardiovasculares, na mesma cidade. Fez parte do corpo clínico do Hospital Infante D. Henrique da Sociedade Portuguesa de Beneficência de São José do Rio Preto, onde criou o Serviço de Cirurgia Cardíaca e implantou o Serviço de Tratamento Intensivo e o de Residência Médica, chegando a ser diretor clínico da instituição. Também criou o criou o Serviço de Cirurgia Cardíaca no Hospital de Base de São José do Rio Preto.

Em 1991 fundou o Instituto Domingo Braile, onde foram realizadas, sob orientação e responsabilidade do professor, 6.340 operações com circulação extracorpórea, 650 operações sem extracorpórea e implantes de 5.760 marca-passos, durante 1991 e 2007.

A Academia de Medicina de São Paulo lembra que o professor Braile dedicou-se ao estudo da “proteção miocárdica”, do que resultou a publicação de trabalhos científicos e a padronização de uma técnica própria.

Em 1977, liderou a fundação da IMC Biomédica, atual Braile Biomédica, empresa que iniciou suas atividades, sob sua direção, com a produção de válvulas biológicas cardíacas e enxertos de pericárdio bovino para cirurgias cardiovasculares, criação de um “marca-passo cardíaco externo”, um “estimulador esofágico” para estudo de arritmias e um “oxigenador de membrana” para sistema de coração-pulmão, auxiliar da cirurgia cardíaca.

O professor Braile passou a desenvolver a técnica cirúrgica “cardiomioplastia”, a partir de 1988, uma alternativa aos transplantes cardíacos. Os resultados foram registrados em sua tese de livre-docência apresentada na Universidade Gama Filho do Rio de Janeiro. Neste mesmo período passou a desenvolver produtos para o tratamento de doenças da aorta: endopróteses, cateter balão, filtro para veia cava e mola para embolização, além de produtos para oncologia. Em 2008, Domingo Braile iniciou a pesquisa e desenvolvimento de uma válvula biológica para implante via cateter, a Inovare Válvula Transcateter, que deu ao professor o Prêmio Inova 2012.

O professor Braile foi uma referência em São Paulo, no Brasil e no mundo tendo sido convidado a demonstrar técnicas cirúrgicas e proferir mais de 800 conferências até na China, onde recebeu o título de Professor Honorário da Universidade de Guiyang, entre os 26 títulos recebidos ao longo da vida.

Como professor, assumiu os principais e mais importantes cargos da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, tanto na Graduação, quanto na Pós-Graduação. Em 1990 obteve o título de doutor em medicina no Curso de Pós-Graduação em Cirurgia Cardiovascular pela Unifesp/Escola Paulista de Medicina. Foi ainda livre-docente da Universidade Gama Filho do Rio de Janeiro, professor no Curso de Graduação da Faculdade de Medicina de Catanduva e chefe o Serviço de Cirurgia Cardíaca da Faculdade de Medicina da Unicamp.

Domingo Braile teve relevante atuação associativa e foi presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (biênio 1993/94), além de participar ativamente dos congressos e eventos da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, entre tantas outras entidades. Segundo a Academia de Medicina de São Paulo, “é um dos cinco brasileiros dentre os 600 exclusivos integrantes da American Association for Thoracic Surgery (AATS)”. 

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