28 de março de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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DIA DO MÉDICO

SOCESP – Dia do Médico


Novos caminhos para a medicina

* Ieda Jatene


Como em toda ciência antiga, não existe um, mas vários marcos considerados como primórdios da história da medicina. Alguns deles reportam atividades médicas há 10 mil anos. Outros atribuem a origem da medicina aos egípcios, sendo o primeiro médico da história um homem de nome Imhotep, que teria vivido entre 2655 a.C. – 2600 a.C. e deixado um legado com 48 casos médicos, organizados em seções, com diagnóstico e possibilidades de terapêuticas. Já na Babilônia, talvez os médicos tenham sentido pela primeira vez o peso da responsabilidade: a legislação criada pelo Rei Hamurabi entre 1792 a.C. e 1750 a.C. regulamentava a profissão no primeiro código de leis de que se tem notícia. Lá constava a obrigatoriedade de ser remunerado por serviços prestados, mas apenas se o problema fosse resolvido e a pessoa curada. Se o tratamento não surtisse o efeito desejado a penalidade do médico era ter suas mãos amputadas. Desde sempre, portanto, uma profissão de risco.


Também historicamente a medicina pode ser considerada reduto masculino. Para se ter uma ideia, no Brasil, em 1910, 77,7% dos médicos eram homens e essa prevalência seguiu ampliando até 1960 quando alcançou 87%, tornando ínfima a presença feminina na especialidade. Mas, a partir dos anos de 1970, começa a ocorrer um processo contrário, com as mulheres aumentando gradativamente a participação, passando de 15,8%, em 1970, para 46,6% em 2020, de acordo com a edição mais recente da Demografia Médica, do Conselho Federal de Medicina (CFM).


E as doutoras já são maioria em determinadas faixas etárias: no grupo com até 34 anos, elas representam 58,5% entre os médicos até 29 anos e 55,3% na faixa entre 30 e 34 anos. Além disso, desde 2009 as médicas são as que mais realizam novos registros. Em 2019 a proporção chegou a 57,5% de inscrições femininas contra 42,5% das masculinas. 


Mais jovens

Mais de metade dos médicos brasileiros estão na região Sudeste (53,2%) e são eles os responsáveis pelo atendimento de 42,1% dos brasileiros. Já o Estado de São Paulo concentra mais de um quarto (28,1%) dos profissionais em atividade, dando assistência a 21,9% da população do país. 

A média etária da especialidade no país hoje é de 45 anos e se comprova um rejuvenescimento da medicina ano a ano: em 2015, a média era de 45,7 anos. Os doutores em atividade são os mais velhos, com média de 48 anos, enquanto as doutoras estão na casa dos 42. 


Os médicos mais jovens do país estão no Tocantins e em Rondônia (média de 41,6 anos). Já os médicos paulistas estão um pouco abaixo da média brasileira: 44,9 anos. Quando focamos em nossa especialidade, os cardiologistas estão acima da média etária dos médicos em geral, com 48,6 anos. 


A cardiologia, aliás, figura na oitava posição do ranking de especialidades mais procuradas, com 4,1% de médicos querendo atuar na área, de acordo com o CFM, atrás de clínica médica (11,3% do total), pediatria (10,1%), cirurgia geral (8,9%), ginecologia (7,7%), anestesiologia (5,9%), medicina do trabalho (4,6%) e ortopedia e traumatologia (4,1%). Na Demografia Médica de 2015, a especialidade figurava em sexto lugar. 

Apesar de não estar entre as especialidades mais requisitadas atualmente, demanda não falta: as doenças cardiovasculares são as que mais matam no país, com 400 mil óbitos por ano. Outro fator é que com o fenômeno da longevidade, idosos tendem a necessitar cada vez mais do acompanhamento de cardiologistas. Pesquisa de uma empresa de serviços para o segmento de saúde com 12 milhões de usuários de planos privados revelou que os cardiologistas eram os mais acionados (15% dos eventos), seguidos por ortopedistas (11%) e oftalmologistas (9%).

SOCESP

Estar em consonância com o cenário atual da medicina é uma das prerrogativas da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP para manter sua tradição de entidade científica receptiva às novas demandas da profissão. O grupo SOCESP Mulher (https://socesp.org.br/web-socesp/series/socesp-mulher/), por exemplo, é a resposta para a crescente feminilização da medicina, promovendo ações de valorização das cardiologistas e das demais profissionais de saúde, criando atividades e eventos voltados à realidade feminina, com entrevistas sobre os desafios para conciliar as múltiplas atividades e o posicionamento no mercado de trabalho, entre outros temas. 


A entidade mantém seus canais de comunicação up-to-date, lançando mão das ferramentas de comunicação disponíveis para alcançar  todos os públicos, incluindo os médicos mais jovens com quem também nos comunicamos em nossas mídias sociais – Instagram, Linkedin, Facebook, Twitter e YouTube – e graças à interação proporcionada pelo site bastante dinâmico (www.socesp.org.br), no qual está hospedada a Revista da SOCESP. Conhecimento e atualização dentro da cardiologia chegam por meio do SOCESPcast, podcasts sobre assuntos ligados à especialidade, e do WebSOCESP (https://socesp.org.br/web-socesp/), que utiliza o formato de videoaulas para tratar de matérias de interesse dos associados. Nosso Centro de Treinamento (https://socesp.org.br/centro-treinamento-socesp) é outra fonte de novos conhecimentos para os cardiologistas, médicos em geral e profissionais de saúde. 

Congressos anuais – como o 42º Congresso da SOCESP, realizado em junho deste ano, com 6.474 inscritos de 25 estados – são exemplos da preocupação constante da diretoria desta entidade em manter a competência técnico-científica no mais alto grau dentro da cardiologia, com acesso para todos: dos mais experientes aos recém-formados, não esquecendo de agregar aqueles de áreas correlatas e imprescindíveis para o trabalho dos cardiologistas, como profissionais de educação física, enfermagem, farmacologia, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicologia e serviço social, além de pessoas ligadas aos grupos de estudos em cuidados paliativos. 

A cura 

É fato que a pandemia da COVID-19 evidenciou a fragilidade da vida e até da ciência diante deste inimigo inusitado. Mas as lições que o caos deixou alertam para a necessidade do cuidado, mesmo quando não conhecemos o caminho para a cura. Porque, como disse meu pai, Adib Jatene, “a função do médico é curar. Quando não pode curar, ele deve aliviar. E quando não pode curar e nem aliviar precisa confortar. Porque médico precisa ser especialista em gente.”


Aproveito o mês do Dia dos Médicos para cumprimentar os colegas que, independentemente da bagagem acadêmica que carregam ou dos anos de estrada percorridos estão sempre dispostos a renovar os votos de dedicação ao próximo, zelando por uma sociedade mais saudável, de corpo e alma.   


*Ieda Jatene é especialista em cardiopatia congênita e cardiologia pediátrica e é a presidente da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) para o biênio 2022/2023.


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