24 de abril de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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Cocaína é letal ao coração dos jovens

O uso de drogas, em especial as ilícitas, representa um dos principais males do mundo contemporâneo, causando muitas mortes, principalmente de jovens. A cocaína, consumida por cerca de 17 milhões de pessoas em todo o mundo, com idades entre 15 e 64 anos, é responsável por 20% a 35% dos infartos em jovens. Seu uso causa um quarto dos ataques cardíacos em pessoas com idade inferior a 45 anos. Recentemente, um caso envolvendo o consumo de drogas ilícitas ceifou mais uma vida.

O laudo da necropsia de João Victor Carvalho, 13, divulgado na terça-feira, dia 07 de março, apontou que a parada cardíaca que matou o adolescente após se envolver em uma confusão com funcionários do Habib’s na Vila Nova Cachoeirinha (Zona Norte de São Paulo), no último dia 26, foi causada por consumo de cocaína, de lança-perfume e problemas no coração. De acordo com Ibraim Masciarelli Pinto, cardiologista e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), essas substâncias subvertem os sentidos e reduzem a consciência. O médico comenta que, além dos danos sociais e psicológicos, já muito graves, há outros riscos diretos à saúde cardiovascular. “O coração é uma das muitas vítimas tanto das drogas ilícitas como do tabagismo e do abuso das bebidas alcoólicas”.

Aproximadamente dois terços dos infartos ocorreram em até três horas após o consumo de cocaína, variando de um minuto a quatro dias, e por volta de 25% ocorreram no prazo de 60 minutos”, ressalta o médico. A cocaína, causadora de milhões de mortes, é uma das mais procuradas pelos jovens. Em 2013, o vocalista Chorão, da banda Charlie Brown Jr., foi encontrado morto pelo excesso do uso de cocaína. O consumo da droga e o coração comprometido foram fatais para o músico. Segundo o cardiologista, a pessoa que utiliza cocaína normalmente fuma, o que potencializa o estreitamento da artéria. Ele salienta que a ingestão de álcool potencializa em três vezes mais a ação da droga, formando um composto ativo chamado cocaetileno. “O pior cenário para o coração dá-se com o consumo simultâneo de cocaína e álcool, aumentando em três vezes os riscos de arritmias e ataques cardíacos, que ocorrem em indivíduos jovens, apesar de eles terem poucas ou nenhuma lesão nas coronárias”.

O cardiologista destaca que, independentemente do perfil do paciente com suspeita de infarto, a rapidez em procurar um médico é crucial para evitar sequelas no coração. “A identificação e tratamento do infarto no início pode proporcionar que o coração fique quase completamente saudável”. Conforme explica Ibraim, o problema toma dimensões maiores quando se considera o fato de muitas vezes o usuário de drogas, principalmente o jovem, não buscar ajuda quando surgem os sintomas, já que não se considera como pertencendo ao grupo de risco para doença cardíaca ou por medo das consequências legais e da exposição social e familiar. Por isso, muitas vezes nega ao médico uso das substâncias proibidas.

Lembrando que o médico sempre guardará absoluto sigilo, o cardiologista afirma ser essencial que o consumo/vício seja relatado na consulta, não só para que o tratamento correto seja adotado, bem como para evitar a prescrição de medicamentos que não devem ser tomados em associação com cocaína e outros narcóticos. “O propósito dos profissionais de saúde é defender a vida. Por isso, jamais denunciam uma pessoa após socorrê-la em caso de uso de drogas ilícitas”. Ainda de acordo com o cardiologista, a melhor maneira de evitar quaisquer riscos e doenças cardiovasculares é não fazer uso de cocaína e todo tipo de droga. “Além de preservar a saúde mental, escapar do vício ajuda a impedir doenças cardíacas que possam ferir de modo irreversível o coração”.

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