23 de abril de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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ADIB JATENE QUE FOI O PRIMEIRO PRESIDENTE DA SOCESP AGORA TEM AUDITÓRIO EM SUA HOMENAGEM NA APM

A Associação Paulista de Medicina inaugurou, em 26de novembro, o Auditório Professor Doutor Adib Domingos Jatene, em sua sedeestadual. O espaço reformado homenageia o cirurgião torácico que ficouconhecido e respeitado nacional e internacionalmente por dezenas de invençõesque contribuíram para o avanço médico, além de ter sido fundador e primeiropresidente da SOCESP (1977/1979). Familiares e amigos estiveram presentes nasolenidade.

“Quando tivemos a notícia do falecimento do doutorJatene, nós da Associação Paulista de Medicina ficamos consternados, foi umsentimento unânime entre todos. Foi fundamental que prestássemos uma homenagem,afinal de contas, tivemos o privilégio de tê-lo conhecido e ter aproveitado asua presença. Dar o nome do Professor Doutor Adib Domingos Jatene a esteauditório é uma maneira de rubricar esse afeto”, disse o presidente da APM,José Luiz Gomes do Amaral. Em seguida, a placa foi descerrada junto com osfamiliares do médico.

Em razão da pandemia, o evento de inauguração sófoi possível este mês. “Esse auditório já existia, mas não com um indicativo.Era apenas conhecido como Auditório Nobre. Ao longo das décadas, foi sedeteriorando. Passamos por reformas importantes neste edifício e víamos anecessidade de também reestruturar esse espaço”, acrescenta Amaral. 

O inventor da cirurgia do coração

“Certamente, para mim, é uma emoção prestar essahomenagem. Frequento este espaço desde estudante e, agora, repaginado com onome do professor. Ele merece todas as homenagens que recebeu em vida, váriasdelas após a morte e, certamente, receberá muitas outras”, disse o diretorCientífico da Associação Paulista de Medicina, Paulo Manuel Pêgo Fernandes, aofazer uma síntese da vida universitária, atividade política e diversas outraslições na área médica deixadas por Jatene.

Filho de imigrantes libaneses, Adib Domingos Jatenenasceu em Xarupi, munícipio localizado no interior do Acre, em 4 de junho de1929. Aos 10 anos, a família mudou para Uberlândia, Minas Gerais, onde concluiuo ginásio. “Professor Adib nos deixou em cada frase uma lição de vida, e umadelas é esta: ‘Quando digo que trabalho muito, digo não. Quem trabalhava muitoera minha mãe’”, relembra Fernandes, que também é professor Titular dadisciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina da Universidade de SãoPaulo.

Em 1948, Adib Jatene entrou na FMUSP com o desejode estudar Medicina e se especializar em Saúde Pública para atuar em sua cidadenatal, Xarupi. Enquanto estudante, conheceu o Professor Doutor Euryclides deJesus Zerbini, cirurgião, professor e pioneiro da Cirurgia Cardíaca no Brasil edo transplante cardíaco no mundo, que teve influência importante na mudança desua carreira.

Dentre as diversas inovações médicas, Jateneconstruiu o primeiro aparelho coração-pulmão artificial do Hospital dasClínicas, e que evoluiu para a prestigiosa Divisão de Bioengenharia do InCor.Foi professor de Anatomia Topográfica da Faculdade de Medicina do TriânguloMineiro.  De 1958 a 1961, foi cirurgião do HC/FMUSP e do Instituto DantePazzanese de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde. Em 1962, surge oequipamento biomédico Zerbini Jatene Braile HC-USP.

Em 1983, com aposentadoria do professor Zerbini,Jatene torna-se professor Titular de Cirurgia Cardiotorácica do InCor e, em1986, assume o cargo de diretor. “Realmente, era uma figura que magnetizava aplateia com a sua lógica, presença de palco e oratória ímpar”, destaca odiretor da APM. Na vida política, de 1979 a 1982, foi secretário estadual daSaúde de São Paulo, projetando 490 centros de Saúde e 40 hospitais para aGrande São Paulo. Em 1992, foi ministro da Saúde.

Adib Jatene foi homenageado na inauguração do novoprédio HCor, em 1996, sendo que a unidade leva o seu nome. Dentre os inúmerostítulos, recebeu o prêmio do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, em 2005, e foihomenageado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, em 2008.Faleceu em 14 de novembro de 2014, em São Paulo, por infarto agudo domiocárdio.

Fernandes fechou a apresentação com algumas dasfrases do especialista rememoradas até os dias de hoje, entre elas: “A funçãodo médico é curar. Quando ele não pode curar, precisa aliviar. E quando nãopode curar nem aliviar, precisa confortar. O médico precisa ser especialista emgente”; “É importante ser respeitado pelo trabalho e pelos colegas, mas o quemais vale a um médico é ter o respeito dos pacientes”; “O nosso grande desafioé oferecer o acesso à saúde, principalmente às populações de baixa renda”; e“Precisamos criar a consciência de que o País não é de um Governo: o país énosso, e temos que cuidar dele”.

 Agradecimento familiar

Em nome da família, o filho do professor AdibDomingos Jatene, Fabio Biscegli Jatene, cirurgião cardiotorácico, que tambémfoi presidente da SOCESP (1997/1999) agradeceu a todos pela homenagem, osamigos que estiveram lado a lado com o pai por muitas décadas, companheiros devida acadêmica, da Medicina e da vida política. “É difícil nomear pessoas, aquitem companheiros de vida do professor Adib, que estiveram com ele por décadas,pessoas que trabalharam a vida toda com ele, lutando”.

Sobre a capacidade de trazer tantos benefícios paraa área médica em um tempo relativamente curto, Fabio Jatene acredita que acapacidade de usar bem a comunicação e a inteligência emocional, entre outrosaspectos, foram decisivos para o sucesso de seu pai. “Sempre me chamou aatenção como funcionava a cabeça dele, sempre achei que funcionava diferente damaioria”.

Ao relatar um episódio na sua adolescência, quandoAdib Jatene o buscava nas aulas de voleibol, ele disse que se o pai fossetécnico do esporte no fim dos anos 1960, iria revolucioná-lo. Com observações,enquanto esperava o filho, traçava estratégias de melhorias de jogadas. “Eletinha uma cabeça privilegiadíssima, com a capacidade de ver as coisas de formadiferente”, conclui.

A futura presidente da SOCESP (2022/2023) e filhado professor, Ieda Jatene, também esteve na cerimônia de inauguração doauditório. Em recente entrevista para O Globo ela descreveu o pai: “se eu tivesse que dizer alguma coisa do meu pai,eu diria que o meu pai era uma pessoa generosa e acolhedora. Embora ele tivessetoda a formalidade e aparência de que estava bravo, se você chegasse para ele edissesse ‘eu preciso de você’, e eu tive oportunidades disso na minha vida, eleparava o que ele estivesse fazendo, ouvia e sempre dava um acolhimento”.

 

Com informações da assessoria deimprensa da APM e fotos de Marina Bustos


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