O IMPACTO DO CORONAVÍRUSNOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS: O QUE REFLETIR
Você, profissional de saúde da equipe de CuidadosPaliativos, como está enfrentando o Coronavírus? As notícias sobre o inesperadoCoronavírus continuam invadindo os meios de comunicação rompendo a aparenteestabilidade. Isso mostra fragilidade e vulnerabilidade humana. As regras mudamabruptamente sem deixar tempo para o profissional processar e elaborar otraumático. A equipe de Cuidados Paliativos que assiste pacientes cardiopatas,sem possibilidade de cura, lida com mais um desafio a trilhar; o Coronavíruscomo potencial estressor. Este vírus, sem tratamento, remédio e vacina,desafiam os multiprofissionais em seus cuidados e na busca contra o tempo deuma vacina. E, o mais assustador é que os casos crescem em progressãogeométrica. Uma realidade dura se impõe: O não saber quem vai viver e quem vaimorrer. O desafio ao profissional na assistência ao paciente em CuidadoPaliativo é notar a evolução da doença, que se apresenta com falta de arevoluindo até a possibilidade do óbito. O quadro ocorre associado aoCoronavírus. Dessa forma, o impacto do vírus nos pacientes com cardiopatias emCuidados Paliativos e seus familiares pode ser muito assustador edesestabilizar as dinâmicas familiares. Outro ponto a ser considerado édesorganizar os planos de cuidados já estabelecidos pela equipemultiprofissional. Mas, para tanto, é fundamental alinhá-los continuamente.Como isso se processa? A comunicação em cada etapa do adoecimento éfundamental. Nesse novo setting, a separação da família, a proibição das visitas,o não reconhecimento do cuidador que está todo paramentado e a dificuldade dese comunicar com seus entes, podem provocar angústias, medos, solidão esensação de abandono da rede protetiva que o amparava e acolhia. Isto lança umnovo desafio à equipe, qual seja, o de repensar novas formas de contato. Poroutro lado, a equipe está sob um stress constante, pressão, mudanças deprotocolo, alteração de rotina e fluxo. Além disso, está imersa em notícias emortes, o que leva os profissionais a um desgaste contínuo nos cuidados dopaciente e sua família que sofrem. Assim, devemos refletir: Como cuidar dopaciente no meio de incertezas? Todos estão em sofrimento. Diante dessecenário, é fundamental que o profissional perceba e separe quais são suasemoções, sentimentos e sensações que acontecem nos encontros com cadapaciente/familiar. E ainda, como ele responde a essa comunicação. Qual é ahistória do profissional? O que a história do outro provoca no profissional? Oque este identifica como também sendo seu? Qual é a reação? O que ocorre nocorpo? Qual o sentido dessas comunicações? As emoções podem ser boas compensamentos e ações positivas de enfrentamento para lidar com o momento dacrise. Por outro lado, é provável que surjam alguns sentimentos destrutivos eestes podem provocar doenças, desestabilizando o organismo e prejudicando asaúde. O emocional fica alterado e a mente é abalada. Desse modo, o medo, araiva, a desesperança e o ódio podem se expressar de modo exacerbado. Cabe aosprofissionais perguntarem aos seus pacientes sobre: O que o médico indicou paraser cuidado? No que você deseja ser cuidado? O que quer falar? Para quem quercomunicar? O que não realizou e quer realizar? No encontro do profissional como paciente que se aproxima da morte, surge um convite ao profissional aexplorar as escolhas e o modo como se coloca perante os seus sonhos e a suahistória. E, isso é uma trajetória individual sobre o significado e o sentidodo viver.
"Milena David Narchi - Psicóloga Maria Teresa Cabrera Castillo– Médica Luisa Murakami – Enfermeira Grupo de Estudos em Cuidados Paliativos -SOCESP"
COMENTÁRIOS