26 de abril de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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O IMPACTO DA PERDA DE PESO NA HIPERTENSÃO ARTERIAL E A PERDA DE PESO SAUDÁVEL NESTE CONTEXTO


A partir da relação direta do sobrepeso e obesidade com o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica (HAS), pensar na  prevenção da obesidade seria a solução ideal no sentido de diminuir significativamente a prevalência e consequências da HAS na população. No entanto, a prevenção não contempla em diminuição dos riscos para os que já apresentam excesso de peso (AUCOTT et al., 2005). Portanto, intervenções objetivando a redução do peso corporal destes indivíduos também são necessárias no contexto da HAS, sobretudo no agravamento das consequências geradas por esta condição.Vários estudos demonstraram que a perda de peso promove impactos clinicamente significativos no sistema renina-angiotensina-aldosterona e na atividade do sistema nervoso simpático, mecanismos, os quais podem ter efeitos substanciais na pressão arterial sistêmica (HAS) (COHEN, 2017).

No contexto da intervenção não medicamentosa, estudos, revisões científicas, bem como diretrizes atuais e profissionais da saúde apontam que erdas moderadas de peso, entre 5% a 10% estão associadas a melhorias significativas nos fatores de risco cardiovascular relacionados à obesidade, como hipertensão e diabetes e ainda acrescentam que esta perda de peso corporal deve ser alcançável e sustentável a longo prazo pelas pessoas

(AUCOTT et al., 2005). Nesta perspectiva, a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial (2016) acrescenta que para cada 5% de perda ponderal do peso corporal, há 20-30% de diminuição da pressão arterial.E é neste cenário atual, demonstrado pela epidemia da obesidade e de outras doenças crônicas, e a incapacidade da maioria dos indivíduos em sustentar a perda de peso, que abordagens dietéticas para alcançar esse objetivo a curto e longo prazo tornaram-se de crescente interesse científico e popular (ANTON et al. 2017).

A grande problemática se faz porque na percepção popular, a velocidade e a quantidade de perda de peso geralmente se confundem com o sucesso de uma dieta (ABESO, 2016).Neste sentido, periodicamente, novas propostas são lançadas e, na maioria das vezes, com grande aceitabilidade pelos indivíduos, e o impacto é sempre muito grande quando novas dietas são lançadas no mercado, principalmente, porque representam uma nova tentativa ou chance para aqueles que querem emagrecer e melhorar suas condições clínicas

(LOTTENBERG, 2006). No entanto, as modas dietéticas ou “dietas da moda” podem ser chamadas dessa forma porque são práticas alimentares populares e temporárias, que promovem resultados rápidos e atraentes, mas carecem muitas vezes de um fundamento científico (LOTTENBERG, 2006). E ainda, as dietas da moda por não estimularem hábitos saudáveis e serem frustrantes,podem em longo prazo, comprometer a saúde dos indivíduos sobre diversos

(LOTTENBERG, 2006). Logo, apesar de sua popularidade entre o público em geral, a eficácia de muitas dietas populares para perda de peso é questionada por pesquisadores, especialistas em nutrição e profissionais da área saúde (ANTON et al., 2017). Desta maneira, um planejamento alimentar mais flexível, que objetive reeducação alimentar, geralmente obtém mais sucesso, devendo considerar,além da quantidade de calorias, a qualidade dos alimentos, as preferências alimentares do paciente, o aspecto financeiro e o estilo de vida para a manutenção da saúde (ABESO, 2016). Assim, as recomendações dietéticas para a perda e o controle do peso devem considerar a qualidade geral da dieta, o sinergismo entre os nutrientes e os efeitos a longo prazo sobre a saúde como um todo (DE LA IGLESIA et al. 2016).Portanto, as práticas saudáveis de estilo de vida devem ser reforçadoras e propagadas com cada vez mais ênfase na população pelos profissionais da saúde, e intervenções em idades mais jovens podem impactar positivamente no futuro cenário de prevalência da obesidade e de outras doenças crônicas, como por exemplo, da hipertensão arterial.

REFERÊNCIAS

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