26 de abril de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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O QUE MUDA NO NOVO SISTEMA DE ROTULAGEM E QUAL É O IMPACTO DA MUDANÇA PARA A PREVENÇÃO DE DOENÇAS CARDIOVASCULARES?

A Anvisa aprovou em 7 de outubro umanova norma sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, conhecidostambém como industrializados. A medida pretende melhorar a clareza dasinformações nutricionais presentes no rótulo dos alimentos e ainda auxiliar oconsumidor a realizar escolhas alimentares mais conscientes. A novidadedeverá entrar em vigor em 24 meses, com a possibilidade de extensão por mais 12meses.


1.O que muda no novo sistema de rotulagem e qual é o impacto da mudança para a prevenção de doenças cardiovasculares?

A dieta tem grande influência na prevenção e controle das doenças cardiovasculares. Por isso, é importante escolhermos bem os produtos que levamos do supermercado para a casa.  Sabemos que alguns nutrientes estão diretamente relacionados com a qualidade dos alimentos, mas o limite para o seu consumo gera muita confusão entre os consumidores. 

O novo rótulo de alimentos destaca três nutrientes que sabidamente afetam a nossa saúde quando em excesso: açúcar, gordura saturada e sódio. A sinalização da presença excessiva desses nutrientes é marcada pelo aparecimento da lupa que aparecerá na parte frontal do rótulo, em forma de imagem preta com fundo branco para que o consumidor fique mais atento. Além disso, o tamanho da letra e tipo de fonte das informações referentes a tabela nutricional foi alterado e seguirá um padrão único para todos os produtos. Isso facilitará a sua leitura pelo consumidor. Outra mudança será a separação da quantidade de açúcar do total de carboidrato oferecido. Essa informação consta, por exemplo, no rótulo dos produtos comercializados nos EUA há muitos anos. Na nova proposta, teremos finalmente a informação separada do açúcar adicional. Estas mudanças representam um grande avanço em nosso sistema de rotulagem, mas é necessário saber que elas não determinam a qualidade do produto e o impacto dessa mudança na prevenção de doenças irá depender da nossa dieta.


2.Qual é a importância da mudança na rotulagem dos alimentos para os pacientes cardiopatas?

Os três nutrientes, em destaque nos rótulos (açúcar, gordura saturada e sódio) podem afetar o controle da doença cardiovascular. Para o hipertenso, por exemplo, o controle do consumo de sódio é fundamental para a diminuição da pressão arterial. Da mesma forma, o indivíduo com colesterol elevado deve controlar o consumo de gordura saturada e a pessoa com diagnóstico de diabetes precisa saber se a quantidade de açúcar adicionado a um produto é excessiva. Essas informações complementam outras necessárias para a determinação da qualidade do produto.


3.Os novos alertas na rotulagem dos alimentos serão suficientes ou alguns produtos ainda terão ingredientes que não estarão explicitados e fazem mal ao coração?

Os alertas não são suficientes na maioria dos sistemas de rotulagem adotados em muitos países. Não será diferente para o Brasil. Precisamos complementar as informações com um olhar crítico do que estamos levando para casa. É preciso ter consciência de que os produtos com quantidades reduzidas de açúcar, gordura saturada e sódio não são necessariamente saudáveis. Os refrigerantes dietéticos, por exemplo, passariam em todos os critérios dos pontos de corte estabelecidos. Para isso, é necessário checar a lista de ingredientes para conhecer o que realmente estamos comprando


4.Haverá de 2 anos a 3 anos para a indústria se adaptar à nova rotulagem dos alimentos. Enquanto isso, o que o consumidor pode fazer para manter-se informado? Como ler adequadamente um rótulo?

Para que o consumidor saiba a qualidade do produto comprado é necessário checar a lista de ingredientes. Eles aprecem em ordem decrescente sempre. Dessa forma, comprar pão integral com a farinha de trigo integral em segundo e não primeiro lugar da lista deve ser evitado. A presença de gorduras e não óleos vegetais indica um produto de menor qualidade, assim como a presença do açúcar entre os primeiros ingredientes e citado de diversas formas. Sacarose, maltodextrina, glicose, frutose são todos diferentes tipos de açúcar no mesmo produto


5.Qual a recomendação do Departamento de Nutrição da SOCESP para uma boa alimentação?

A recomendação é aumentar o consumo de alimentos in natura e diminuir o consumo dos produtos industrializados. A representação dos produtos industrializados em nossa dieta é de aproximadamente 85% e dispensamos apenas 15% para o consumo de produtos in natura. Precisamos aumentar a participação dos produtos in natura em nossa alimentação, pois eles estão diretamente relacionados a diminuição de mortalidade por doença cardiovascular. O nosso consumo de potássio, por exemplo, é menos da metade da quantidade diária recomendada. Este nutriente está diretamente relacionado com o controle da pressão arterial, importante fator de risco para a nossa saúde. O seu baixo consumo é consequência de uma dieta pobre em frutas, legumes e vegetais. Se não mudarmos esta estatística, as doenças crônicas permanecerão no topo das causas de mortalidade


6.Por que os alimentos industrializados são considerados vilões da nossa alimentação? Quais os riscos? 

A maioria dos produtos industrializados são considerados vilões da nossa saúde porque geralmente contém grandes quantidades de açúcar, sal, gordura saturada e baixa quantidade de fibras. Importante ressaltar, entretanto, que não podemos generalizar pois temos produtos industrializados saudáveis no mercado. Muitos produtos que fazem parte de uma dieta saudável vêm da indústria, tais como, arroz, feijão, milho, lentilha, etc. Muitos legumes congelados facilitam o dia a dia na cozinha, são saudáveis e industrializados. O que devemos evitar são alimentos ultra processados como os embutidos que são ricos em sódio, gordura saturada e não oferecem nenhuma vantagem adicional. Outros alimentos minimamente processados, por outro lado, como os doces em compota não podem ser considerados saudáveis porque contém grande quantidade de açúcar. Por isso, devemos ter atenção na interpretação dos rótulos, sem generalizar algumas informações que recebemos. O bom senso também ajuda!



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