A obesidade é uma doença crônica e multifatorial caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, que aumenta o risco de mais de 200 doenças, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e renais. Em 2015, foi responsável por quatro milhões de mortes no mundo, sendo a maioria devido a problemas cardiovasculares. Os mecanismos fisiopatológicos envolvem efluxo de ácidos graxos e secreção desregulada de adipocinas e citocinas inflamatórias pelo tecido adiposo, promovendo inflamação, estresse oxidativo e resistência à insulina, o que favorece a aterosclerose e o remodelamento miocárdico. As principais condições cardiovasculares associadas são doença arterial coronariana (DAC), insuficiência cardíaca (IC) e fibrilação atrial (FA). O diagnóstico deve ser realizado por meio de avaliação do índice de massa corporal (IMC) associado a outros métodos antropométricos de avaliação da composição corporal. O tratamento da obesidade deve ser estruturado e contínuo, considerando tanto intervenções comportamentais quanto terapias farmacológicas e cirúrgicas quando necessário. O modelo dos 5 As (Ask, Assess, Advise, Agree, Assist) orienta a abordagem clínica desde a identificação do paciente até o acompanhamento contínuo. Intervenções iniciais se baseiam na avaliação clínica, fatores de risco e histórico médico, aconselhamento sobre riscos e benefícios da perda de peso e estabelecimento de metas realistas. A terapêutica medicamentosa deve ser feita de forma individualizada após estratificação de risco cardiovascular. Dispomos de seis medicações no Brasil: sibutramina, orlistate, bupropiona/naltrexona, liraglutida, semaglutida e tirzepatida. A obesidade é uma condição crônica e demanda tratamento prolongado para evitar recidivas. O novo arsenal terapêutico amplia as possibilidades de controle do peso e redução do risco cardiovascular.