Até 50% dos pacientes ambulatoriais com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida podem apresentar deficiência de ferro. Em pacientes com insuficiência cardíaca aguda, a prevalência pode alcançar 80%. A deficiência de ferro é um preditor de pior capacidade funcional e sobrevivência, independentemente da presença de anemia. Diversos estudos já demostraram que a suplementação endovenosa de ferro tem impacto em melhora de capacidade funcional, qualidade de vida e possível redução de internações hospitalares por insuficiência cardíaca descompensada. Em 2023, publicou-se o estudo HEART-FID, ensaio clínico randomizado duplo-cego multicêntrico placebo-controlado, com um grande número de pacientes (n=3065). Faremos aqui uma análise crítica deste estudo, contextualizando seus resultados com a evidência pré-existente sobre reposição de ferro na insuficiência cardíaca.