OBESIDADE, DISFUNÇÃO ENDOTELIAL E HIPERTENSÃO ARTERIAL

OBESITY, ENDOTHELIAL DYSFUNCTION AND ARTERIAL HYPERTENSION
Adriano Meneghini, Antônio Carlos Palandri Chagas

A obesidade está relacionada ao aumento da incidência de doenças cardiovasculares, respondendo pelo aumento da taxa de mortalidade em 10 anos em até 2,8 vezes. A elevação do risco de morte por obesidade está associada à presença de hipertensão arterial; diabetes tipo 2 e dislipidemia entre outras comorbidades. O risco de desenvolver doença cardiovascular aumenta a partir do sobrepeso. No Brasil, 22% da população adulta apresenta sobrepeso ou obesidade. A adiposidade abdominal, medida pela circunferência abdominal ou pelo cálculo da relação cintura-quadril, especialmente quando combinados com o aumento dos triglicerídeos plasmático, é mais efetiva para identificar o acúmulo de gordura visceral e o perfil metabólico adverso que o índice de massa corporal isoladamente. Na dependência de sua localização, o tecido adiposo pode ser classificado como visceral e subcutâneo, conforme as características dos adipócitos como branco, marrom e bege. O tecido adiposo deve ser considerado um órgão altamente dinâmico, diferenciado com base na composição celular e na sua localização anatômica. O aumento da adiposidade visceral representa uma das principais causas de desenvolvimento de hipertensão arterial. Em obesos, a expressão do angiotensinogênio encontra-se elevada. O estado inflamatório crônico do tecido adiposo, o estresse oxidativo e a inflamação estão relacionados ao aumento da deposição de gorduras no espaço perivascular, resultando no aumento da liberação de adipocinas pró-inflamatórias, como o TNF-?, a IL6 e a IL8. A leptina, a adiponectina, a visfatina, a omentina são alguns dos hormônios secretados pelos adipócitos e estão associados à elevação do risco cardiovascular. A remodelação da matriz extracelular influencia a integridade do colágeno e da elastina. Seu mecanismo de ação está relacionado à ativação das metaloproteinases da matriz (MMPs), a clivagem da elastina e a liberação de fragmentos pró-inflamatórios. A perda das propriedades viscoelásticas dos glicosaminoglicanos da matriz extracelular e as alterações na fibronectina e na integrina promovem a fixação das células do músculo liso vascular à matriz extracelular e contribuem para amentar a rigidez vascular. O consumo aumentado de carboidratos e gorduras saturadas e a diminuição da prática de atividades físicas têm aumentado significativamente a prevalência da obesidade na população mundial.

VOLUME 34 - Nº 1

Janeiro/Março 2024

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