MIOCARDIOPATIA HIPERTRÓFICA – DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E PROGNÓSTICO

HYPERTROPHIC CARDIOMYOPATHY – DIAGNOSIS, TREATMENT AND PROGNOSIS
Dirceu Rodrigues de Almeida, Fernanda Almeida Andrade

A miocardiopatia hipertrófica (MCH) é uma doença genética caracterizada por hipertrofia geneticamente determinada e inexplicada por causas secundárias, e ventrículo esquerdo não dilatado e com fração de ejeção preservada ou aumentada. A hipertrofia é comumente assimétrica com hipertrofia mais grave envolvendo o septo interventricular basal. A obstrução dinâmica da via de saída do ventrículo esquerdo está presente em repouso em cerca de um terço dos pacientes e pode ser provocada em outro terço. As características histológicas da MCH incluem hipertrofia e desordem dos miócitos, fibrose intersticial e doença da microcirculação coronariana. A hipertrofia também está frequentemente associada à disfunção diastólica do ventrículo esquerdo.
Na maioria dos pacientes, a MCH tem um curso clínico benigno e não necessita de tratamentos invasivos, como a miomectomia septal ou a ablação septal. No entanto, a MCH também é uma importante causa de morte súbita cardíaca durante o esforço, particularmente em adultos jovens. Taquicardia ventricular não sustentada, síncope, história familiar de morte súbita cardíaca, hipertrofia cardíaca grave e fibrose >15% na ressonância magnética são os principais fatores de risco para morte súbita cardíaca. Essa complicação pode ser prevenida pela implantação de um cardioversor-desfibrilador implantável (CDI) nos pacientes de alto risco. A fibrilação atrial também é uma complicação comum e mal tolerada. Mutações em mais de uma dúzia de genes que codificam as proteínas associadas ao sarcômero causam MCH. As mutações MYH7 e MYBPC3, codificando cadeia pesada de ?-miosina e ligação à miosina a proteína C, respectivamente, são os dois genes mais comuns envolvidos, representando juntos aproximadamente 60% das famílias de MCH. Em aproximadamente 40% dos pacientes com MCH, os genes causais ainda não foram identificados. Mutações em genes responsáveis por doenças de depósito também causam um fenótipo semelhante à MCH (fenocópias). As aplicações rotineiras da genética a testagem e a identificação pré-clínica dos familiares representam um avanço importante. As descobertas genéticas melhoraram a compreensão da patogênese molecular da MCH e estimularam esforços destinados a identificar novos agentes terapêuticos. Mavacamten é a primeira classe de um inibidor aloestérico seletivo e reversível da miosina ?-cardíaca, inibe a ligação da miosina cardíaca à actina e reduz o número de pontes cruzadas actina-miosina, reduzindo a hipercontratilidade. Estudos clínicos têm demonstrado que Mavacamten reduz significativamente o gradiente da via de saída do ventrículo esquerdo e melhora a capacidade de exercício, a classe funcional e a qualidade de vida em adultos com cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva sintomática.

VOLUME 34 - Nº 1

Janeiro/Março 2024

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