Fibrilação atrial (FA) tem três pilares de tratamento de acordo com as diretrizes vigentes, o ABC da FA. A fica para prevenção de eventos embólicos (Avoid Stroke), B para melhor controle de sintomas (Better symptoms control) e C para controle de comorbidades (Comorbidities). Desde o estudo AFFIRM, houve mudança significativa nas opções terapêuticas para fibrilação atrial, sendo a mais marcante a inclusão de estratégia não farmacológica chamada ablação de fibrilação atrial no final do milênio passado. Ainda que exista hoje crescente evidência do benefício do controle de ritmo na redução dos eventos embólicos, e o conceito de cardiopatia atrial ganha espaço à medida que vemos que pacientes podem fazer acidentes vasculares encefálicos (AVE) mesmo sem evidencia de fibrilação atrial recente. Isso significa que a importância da anticoagulação (quando bem indicada) ainda se faz presente independente da estratégia escolhida. Por outro lado, o melhor controle de sintomas, que envolve controle de ritmo ou frequência, e o tratamento de comorbidades (como apneia obstrutiva do sono, obesidade, hipertensão) são pilares fundamentais do maior objetivo que é a preservação de qualidade de vida do portador de FA. O exercício de atualização de conceitos que tínhamos como certos e seguros é o que separa a ciência do dogma. Neste artigo, tentamos condensar as evidências mais atuais para estabelecer novas metas no atendimento de FA, mais assertivas, e que permitam uma maior integração entre as equipes médicas que atendem o paciente, mostrando que todos os tratamentos podem (e devem) ser encarnados como complementares, e não competitivos. E estabelecer a relevância de conceitos como janelade oportunidade para ablação, identificação de fatores não cardíacos que dificultam o tratamento e o papel fundamental do médico assistente do paciente no tratamento invasivo da FA.