29 de março de 2024 - SOCIEDADE DE CARDIOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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OS DOIS LADOS


O impacto do coronavírus no cuidado paliativo: o que refletir


Cara é o lado que tem o rosto

Coroa é o lado do valor


As notícias sobre o inesperado Coronavírus continuam invadindo os meios de

comunicação que rompem a aparente estabilidade. Isso só demonstra a fragilidade e

vulnerabilidade humana. As regras foram alteradas abruptamente, sem deixar tempo

para o profissional processar e elaborar este momento traumático. E os casos

confirmados e o número de mortes crescem em progressão geométrica assustadora.


O ROSTO

O Coronavírus é visto como potencial estressor para a equipe de Cuidados

Paliativos que assiste pacientes cardiopatas. Este vírus, sem tratamento e

medicamento, muitas vezes, podendo ser agressivo na evolução da doença, sem uma

vacina, desafiam os profissionais no cuidado e acolhimento desses pacientes.

E uma dificuldade adicional se impõe: a equipe está sob um estresse constante,

pressão, mudanças de protocolo, alteração de rotina e fluxo. E o psicológico desses

profissionais da linha de frente, são também afetados pela imposição da reorganização

social e pode provocar uma solidão; pelo medo de adoecer e de contaminar sua

própria família e o vivenciar a morte.

E Você, profissional de saúde da equipe de Cuidados Paliativos, como está

enfrentando o Coronavírus?


O VALOR

O paciente cardiopata sob assistência paliativa lida com a busca constante no

controle de sintomas físicos e emocionais, juntamente com seus familiares. Nesse

novo setting, a separação da família, a proibição das visitas, o não reconhecimento do

cuidador que está todo paramentado e a dificuldade de se comunicar com seus entes,

podem provocar angústias, medos, solidão e sensação de abandono da rede protetiva

que o amparava e o acolhia.

Dessa forma, o impacto do vírus pode ser muito assustador, com possibilidade

de desestabilizar a dinâmica entre familiares e equipe, desorganizando os planos de

cuidados já estabelecidos. Mas, para tanto, é fundamental alinhá-los continuamente. E

como isso se processa? Com uma comunicação clara e a escuta em cada etapa do adoecimento.

Esta situação atual lança um novo desafio à equipe, qual seja, o de repensar

novas formas de contato. Para isso, o auxilio de recursos tecnológicos e multimídias são fundamentais em todo o processo.


EQUILIBRANDO A MOEDA

Como cuidar do paciente no meio de incertezas?

Todos estão em sofrimento. Diante desse cenário, é fundamental que o

profissional perceba e separe quais são suas emoções, sentimentos e sensações que

acontecem nos encontros com cada paciente/familiar. E ainda, como ele responde a essa comunicação.

Qual é a história do profissional? O que a história do outro provoca no

profissional? O que este identifica como também sendo seu? Qual é a reação? O que

ocorre no corpo? Qual o sentido dessas comunicações?

As emoções podem ser boas com pensamentos e ações positivas de

enfrentamento para lidar com o momento da crise. Por outro lado, é provável que

surjam alguns sentimentos destrutivos e estes podem provocar doenças,

desestabilizando o organismo e prejudicando a saúde. O emocional fica alterado e a

mente é abalada. Desse modo, o medo, a raiva, a desesperança e o ódio podem se

expressar de modo exacerbado.

Cabe aos profissionais perguntarem aos seus pacientes sobre: O que o médico

indicou para ser cuidado? No que você deseja ser cuidado? O que quer falar? Para

quem quer comunicar? O que não realizou e quer realizar?

Nesse encontro do profissional com o paciente que se aproxima da morte, deve

explorar as escolhas e o modo como se coloca perante os seus sonhos e a sua história.

E, isso é uma trajetória individual sobre o significado e o sentido do viver e morrer.


Milena David Narchi - Psicóloga

Maria Teresa Cabrera Castillo – Médica

Luisa Murakami – Enfermeira

Grupo de Estudos em Cuidados Paliativos - SOCESP

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